terça-feira, 21 de agosto de 2007

Reflexão das reflexões do saber esportivo


As reflexões sobre a fragmentação do saber esportivo espelham a divisão do homem contemporâneo e sua ansiedade por transformações radicais. Esta inquietação resulta da desumanização do mundo ocidental. A epidemia consumista, tecnicista e mecanicista que tomou conta de todos os níveis da sociedade consegue gerar um estado de insegurança e perplexidade na mente ocidental. O homem é escravo de sua própria criação. Os valores “petrificados” e inflexíveis, que são indispensáveis para o desenvolvimento tecnológico, acabam criando fontes inesgotáveis de insatisfação e injustiça. Estamos cada vez mais preocupados com a realização pessoal, mas esta é condicionada pela especialização e pela produtividade. Parece-me irônico que um mundo construído sobre o chão frio da objetividade e do pragmatismo venha solicitar solidariedade e trabalho em equipe, afinal de contas, o individualismo forjou todas as instituições que abusam da retórica do humanismo. No caso do esporte e de seus frutos supostamente saudáveis, estamos diante de uma reprodução dos valores “petrificados”, onde a competitividade se estabelece como uma metáfora da luta insana que leva o homem ao delírio da superioridade. O esporte é e sempre foi a oportunidade da “guerra permitida”, e sendo assim ele será uma eterna propaganda dos valores vigentes.

Texto escrito originalmente no curso de especialização em Administração esportiva, em cima da leitura de REFLEXÕES SOBRE A FRAGMENTAÇÃO DO SABER ESPORTIVO , de João Paulo S. Medina. Provavelmente em 2003!

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