segunda-feira, 30 de julho de 2007

Mistério


Meu mistério é transformar-me a cada dia sem perder de vista aquilo que fui, e que muitas vezes me incomoda. Estarei preso às realidades vivenciadas? Ou minha liberdade é tamanha a ponto de abandonar quem sou para viver em paz com aquilo que serei, ao largo do que passou evidente e também desapercebido? Duvido que um dia eu tenha respostas, mas minhas perguntas não cessarão...São grilhões que me prendem ao sofrimento de não me conhecer por completo!
"Quem sou eu?Quem é cada um de nós?
Talvez o saibamos algum dia.Talvez, não.
Nesse meio tempo, entretanto, como dizia
Santo Agostinho, minha alma arde, porque
quero saber."
Jorge Luis Borges

De Volta ao Passado?


Quando nos aproximamos dos jogos olímpicos estamos revendo um filme que assistimos de quatro em quatro anos. A mídia divulga a trajetória de nossos heróis desconhecidos, e toda a dificuldade que estes encontraram para almejar, quem sabe, uma medalha olímpica. A infância pobre, a falta de condições de treinamento, o desamparo nos momentos difíceis, e o choro dos amigos e parentes - mas tudo acaba bem, e o fervor cívico nos leva a acreditar que este personagem é protagonista. Certo? Errado! O esporte no Brasil produz uma imensa maioria de coadjuvantes, e uns poucos protagonistas no cenário internacional. Neste filme trocam-se os artistas, mas o enredo é o mesmo. O percurso de nossos atletas olímpicos rumo ao pódium continuará cambaleante e persistente, como a imagem daquela atleta torta que entrou no estádio, quase sem forças para caminhar. As dificuldades encontradas pelos esportistas estão inseridas num contexto de provações que todo brasileiro vivencia em sua rotina silenciosa, e somente ele, cidadão, consegue ver. O descaso esportivo é irmão de outros tantos. Mas a cada quatro anos desejamos que medalhas caiam do céu. Existem, em nosso país, milhões de talentos desperdiçados; o benefício do esporte não lhes é concedido, e quando o é, logo lhes é roubado pela falta de acompanhamento e incentivo. A escassez de projetos esportivos de longo prazo - salvo alguns bem intencionados, mas com poucos recursos -, dificulta a alteração do roteiro deste filme de drama e aventura em terras distantes. O esporte de alto rendimento necessita de fortes alicerces, e esta base é negligenciada pelo estado, pela iniciativa privada, e também pelos meios de comunicação, que divulgam apenas o triunfo isolado. Cabe aos meios de comunicação despertar o interesse do público para as competições, onde são forjados nossos futuros campeões, uma espécie de trailer, a expectativa de um grande sucesso que está para estrear. Só assim a iniciativa privada investirá recursos, quando a audiência estiver garantida. Ao estado compete a responsabilidade de garantir o acesso à educação, que é irmã gêmea da prática esportiva - as chances de inclusão social pelo esporte são imensas e prazerosas. Porém, a massificação e divulgação não são suficientes. As autoridades esportivas, que muitas vezes transformam suas federações e confederações em feudos ou dinastias, deveriam, pragmaticamente, copiar modelos de estrutura profissional, e não apenas importarem shows de pirotecnia. Tudo isto já está sendo feito? Veremos se o final do filme foi alterado, caso contrário, estaremos retrocedendo e revivendo o passado!

Enviei este texto para um SITE chamado PAUTA SOCIAL, ele foi colocado no SITE e a página do juizado da infância e da juventude do estado de Goiás também divulgou o texto. Minha intenção na época era falar sobre o esporte no Brasil e as suas potencialidades. Faz algum tempo. Terminado os jogos do Rio 2007 achei importante reutilizar o texto e refletir se as coisas mudaram ou se continuam como anteriormente.

domingo, 8 de julho de 2007

Amizade


Uma chuva fina cai, incessantemente, e o frio aproxima-se. O barulho do gerador do hospital vizinho segue a constância da chuva, e o ruído perturbador só é realmente notado na sua ausência. Nos acostumamos com o barulho e somente quando o silêncio acontece percebemos a sua importância. E, assim como a quietude que vem de vez em quando para trazer tranqüilidade e satisfação, surgem também os amigos distantes. Estou esperando um amigo que não vejo há bastante tempo, daqueles que ligam do nada e saltam do passado trazendo lembranças agradáveis de um tempo que não foi perdido. Tenho orgulho de ser lembrado por amigos de longe e que, repentinamente, resolvem procurar-me para tomar um mate e conversar sobre passado, presente e futuro. O surgimento destas pessoas significa que criamos vínculos fortes e verdadeiros, uma espécie de compreensão e entendimento que as estradas não levam para longe. A amizade foi celebrada por vários filósofos como Epicuro, Ralph Waldo Emerson e Lin Yutang, entre outros. Na verdade estes homens perceberam a relevância de compartilhar emoções e sentimentos para suportar a consciência de nossa própria finitude. Ter amigos representa cruzar o rio da vida com auxílio e compaixão, e nada é mais desolador do que se perceber solitário ao aproximar-se da margem desconhecida. A amizade por conveniência, baseada em interesses, é ilusória, e se altera conforme a correnteza. Infelizmente, é este tipo de "amizade" que a maioria de nós experimenta em tempos de "artigos descartáveis". Portanto, justifica-se minha alegria ao reencontrar um amigo para conversar sobre trivialidades e "profundidades", pois nele percebo algumas coisas com as quais me identifico! Irresponsáveis e responsáveis, zelosos e desleixados, tímidos e exibidos, falantes ou calados... que venham a mim os amigos com suas "doces imperfeições" para tomar um mate e conversar despreocupadamente!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Nascimento e Morte


Se o nascimento é doloroso, confesso que não lembro. Mas, hoje, sinto um misto de angústia e excitação; angústia por estar "nascendo" para este "tal de blog", e excitação pelas possibilidades de poder escrever a respeito do que bem entender. Tantas coisas passam pela minha mente, um universo de pensamentos, sendo difícil organizar o que vale a pena ser escrito. Não sou o primeiro e nem serei o último a experimentar essa confusão de sentimentos sobre o novo. Tenho um olhar quase inocente sobre o mundo virtual, assim como a criança experimentando o frescor e o estranhamento dos objetos a sua volta. Tentativa e erro, cair e levantar, cair novamente e de pé no mesmo instante! O medo do novo paralisa aqueles que não têm esta disposição de descobrir, conhecer, experimentar... é mais fácil caminhar por onde já estivemos, lidar com quem nos é familiar, apegar-se a conceitos herdados... Mas do que trata a vida? Fluxo? Impermanência? Morrer e nascer continuadamente? "Que a morte não me encontre um dia, solitário, sem ter feito o que eu devia!"