domingo, 8 de julho de 2007

Amizade


Uma chuva fina cai, incessantemente, e o frio aproxima-se. O barulho do gerador do hospital vizinho segue a constância da chuva, e o ruído perturbador só é realmente notado na sua ausência. Nos acostumamos com o barulho e somente quando o silêncio acontece percebemos a sua importância. E, assim como a quietude que vem de vez em quando para trazer tranqüilidade e satisfação, surgem também os amigos distantes. Estou esperando um amigo que não vejo há bastante tempo, daqueles que ligam do nada e saltam do passado trazendo lembranças agradáveis de um tempo que não foi perdido. Tenho orgulho de ser lembrado por amigos de longe e que, repentinamente, resolvem procurar-me para tomar um mate e conversar sobre passado, presente e futuro. O surgimento destas pessoas significa que criamos vínculos fortes e verdadeiros, uma espécie de compreensão e entendimento que as estradas não levam para longe. A amizade foi celebrada por vários filósofos como Epicuro, Ralph Waldo Emerson e Lin Yutang, entre outros. Na verdade estes homens perceberam a relevância de compartilhar emoções e sentimentos para suportar a consciência de nossa própria finitude. Ter amigos representa cruzar o rio da vida com auxílio e compaixão, e nada é mais desolador do que se perceber solitário ao aproximar-se da margem desconhecida. A amizade por conveniência, baseada em interesses, é ilusória, e se altera conforme a correnteza. Infelizmente, é este tipo de "amizade" que a maioria de nós experimenta em tempos de "artigos descartáveis". Portanto, justifica-se minha alegria ao reencontrar um amigo para conversar sobre trivialidades e "profundidades", pois nele percebo algumas coisas com as quais me identifico! Irresponsáveis e responsáveis, zelosos e desleixados, tímidos e exibidos, falantes ou calados... que venham a mim os amigos com suas "doces imperfeições" para tomar um mate e conversar despreocupadamente!

Nenhum comentário: