quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Excesso de informação na iniciação esportiva

Imagine-se numa sala, sentado diante de uma mesa sobre a qual se empilham as peças de um gigantesco quebra- cabeça. Um funil pendurado no teto despeja mais peças na mesa do que você consegue separar, para não dizer encaixar. Você percebe que as peças são de diferentes cores e texturas, e que não pertencem ao mesmo quebra-cabeça. Sente que não dispõe de tempo- talvez jamais disponha- para “pôr tudo em ordem”

Orrin E. Klapp

No que se refere à formação de pequenos atletas em esportes coletivos me parece que todos concordamos, pelo menos em teoria, que o professor responsável pelo ensino deve ter conhecimento e estar bem embasado para desenvolver um bom trabalho. Em termos isto está correto e digo em termos porque o ponto crucial aqui é sabermos de que tipo de conhecimento está se falando. Se estivermos nos referindo apenas ao conhecimento especializado do esporte em questão o professor não estará devidamente preparado e inclusive seus esforços podem ser contraproducentes. Quando colocamos um especialista para desenvolver um trabalho de iniciação esportiva, seja em que modalidade for, corremos o risco da excessiva priorização da técnica e da tática em detrimento da fluidez e do prazer do jogo em si. Um treinador- termo inapropriado para a iniciação - que conhece todas as minúcias técnicas e táticas do esporte terá a tendência a transmitir informações em excesso porque ele possui uma mentalidade cheia de ideias pré-concebidas á respeito de treinamento e formação de equipes. A mente de tal treinador é igual a uma xícara que transborda quando o líquido excede a sua capacidade de armazenamento. Como consequência deste transbordamento especializado é quase inevitável que os pequenos iniciantes sofram com as instruções prematuras, demasiadas e descontextualizadas que obstruem a fluidez das atividades e do jogo, limitando o desenvolvimento do potencial criativo da criança e o prazer inerente da prática esportiva. O professor bem preparado deve evitar a enxurrada de informações/instruções afim de que as peças do “quebra – cabeças” possam cair no momento oportuno, de forma lenta e contextualizada. Este, no meu entender, é o conhecimento essencial!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Doutor Sócrates Brasileiro

Intuo que pessoas com a consciência dele se deixam autodestruir pelo vício em consequência da percepção aguçada que tem do mundo que nos cerca, é inevitável buscar uma fuga quando não vemos perspectivas de mudanças no mundo real. Sua preocupação com o nosso povo foi honesta, direta e sem hipocrisias. O magrão se preocupava com a inclusão social através do esporte, sabia discernir entre educação e conhecimento, sabia da influência que um educador com intenção verdadeira poderia exercer sobre crianças jogadas a própria sorte, reconhecia que infelizmente era um privilegiado em nosso país por ter tido acesso a educação e ter uma formação que ia além das quatro linhas, sentia-se extremamente incomodado com os valores superficiais dos jogadores atuais e lutou por conscientização política durante toda a sua carreira... Tinha o brasileiro no nome e isto condicionou o seu destino. O Doutor percebia que o ser humano é prioridade e que a sociedade materialista e tecnológica precisava acertar o passo com o humanismo, ele era um altruísta, um sonhador, um pensador social que fazia jus ao nome que tinha; Sócrates Brasileiro!