sexta-feira, 30 de maio de 2008

Rumi


Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.
Cada átomoFeliz ou miserável,
Gira apaixonado
Rumi

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A soma de todos os medos



A Maioria de nós pensa que a coragem é a ausência do medo. Um corajoso é alguém que não sente receio de nada, enfrenta tudo como um herói mitológico e a insegurança não encontra morada na sua postura altiva perante aquilo que se apresenta como desafio. Mas o homem é sempre menor que o mito!O desconhecimento dos medos é tão imprudente quanto atirar-se ao calor da luta insanamente. A coragem é o enfrentamento do medo, não a negação de sua existência. O destemido observa da rocha precipitada sobre o penhasco de seus temores, e então jogasse ao mar de seus medos para evitar a paralisia que dele emana.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

" Socando a face de Deus"



O roteirista e ator Chazz Palminteri revela em uma entrevista que não realizar o próprio potencial é como " dar um soco na cara de Deus".
No livro completo da filosofia o autor James Mannion referindo-se a cultura nativa norte americana escreve: " Atingir seu potencial humano máximo é nossa tarefa e o único pecado verdadeiro cometido contra Deus acontece se falharmos em usar os dons que recebemos de Deus para nosso próprio bem e para a comunidade." Mas o que Deus tem haver com uma carreira de sucesso? Quase nada na verdade! Nascemos com um talento que é intuitivo, prazeroso e possibilita o desenvolvimento da criatividade, mas isso não se refere diretamente ao sucesso financeiro. " Dar um soco na cara de Deus" é vender nosso sonho para atender expectativas que não são nossas , é deixar de se conhecer para lapidar seus aspectos positivos, é representar um personagem e esquecer-se de quem é. Agredir a face de Deus é ter medo do irreal em busca de segurança e carregar a frustração como uma sombra até o fim de seus dias.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Debate por um alojamento



Em alguns templos Zen japoneses, existe uma antiga tradição: se um monge errante conseguir vencer um dos monges residentes num debate sobre budismo, poderá pernoitar no templo. Caso contrário terá de ir embora.
Havia um templo assim no norte do Japão dirigido por dois irmãos.
O mais velho era muito culto e o mais novo, pelo contrário, era tolo e tinha apenas um olho.
Uma noite, um monge errante foi pedir alojamento a eles.
O irmão mais velho estava muito cansado, pois havia estudado por muitas horas; assim, pediu ao mais novo que fosse debater:
Solicite que o dialogo seja em silêncio, disse o mais velho.
Pouco depois, o viajante voltou e disse ao irmão mais velho:
Que homem maravilhoso é seu irmão.
Venceu brilhantemente o debate.
Assim, devo ir-me embora. Boa noite.
Antes de partir, disse o ancião,
por favor, conte-me como foi o dialogo.
Bem, disse o viajante,
primeiramente, ergui um dedo simbolizando Buda.
Seu irmão levantou dois dedos simbolizando Buda e seus ensinamentos.
Então, ergui três dedos para representar Buda, seus ensinamentos e seus discípulos.
Daí, seu irmão sacudiu o punho cerrado em minha frente, indicando que todos os três vem de uma única realização.
Com isso, o viajante se foi.
Pouco depois, veio o irmão mais novo parecendo muito aborrecido.
Soube que você venceu o debate, falou o mais velho.
Que nada , disse o mais novo,
esse viajante é um homem muito rude.
É?, disse o mais velho,
Conte-me qual foi o tema do debate.
Ora!, exclamou o mais novo,
no momento em que ele me viu, levantou um dedo insultando-me, indicando que tenho apenas um olho.
Mas por ser ele um estranho, achei que deveria ser polido.
Ergui dois dedos congratulando-o por ter dois olhos.
Nisto, o miserável mal-educado levantou três dedos para mostrar que nos dois juntos tínhamos três olhos.
Então, fiquei louco e ameacei- lhe dar um soco no nariz - assim ele se foi.
O irmão mais velho riu.
Quando debatemos geralmente não queremos escutar, fingimos estar atentos mas tudo que ouvimos é turvado por pré-conceitos estabelecidos em relação a nosso interlocutor. Ser receptivo não é fácil, a interpretação do que escutamos é uma projeção de nós mesmos , o mundo externo se transforma em um espelho onde refletimos a raiva e a violência que nos domina internamente.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O viajante


Podemos viajar por todo o mundo em busca do que é belo, mas se já não o trouxermos conosco, nunca o encontraremos.

Ralph Waldo Emerson




Me identifico com o viajante e não com o turista, me parece que o primeiro busca algo que ele não sabe definir, é um perdido atrás de pessoas e momentos que se identifiquem com ele, sai em busca do nada mas a espera de tudo! Enquanto o segundo busca um rastro de imagens que reafirma a importância que ele julga ter perante os outros. O turista se decepciona porque a expectativa não se ajusta a realidade, ele carrega consigo a frieza e o silêncio de monumentos mortos registrados em imagens por obrigação e vaidade. Ele esteve lá mas não trouxe nada de significativo, somente fotos e quinquilharias. O viajante sempre retorna mais "rico", pois já partiu cheio de nada, é um observador de si mesmo perante as situações cambiantes , reconhece o humano por onde passa, porque este não tem cultura e desconhece fronteiras. Ao perder a identidade o viajante fortalece a si próprio, seu "estado bruto" encontrará beleza porque dela já esta trasbordante!