quinta-feira, 4 de março de 2010

Pulmões do vento

“Num ônibus que circulava pelas ruas de Montgomery, Alabama uma passageira negra, Rosa Parks, negou-se a ceder seu assento a um passageiro branco. O motorista chamou a polícia. Os guardas chegaram e prenderam Rosa por perturbar a ordem pública. Então um pastor desconhecido, Martin Luther king, propôs em sua igreja um boicote contra os ônibus. E propôs assim:

A covardia pergunta: É seguro? A conveniência pergunta: É oportuno? E a vaidade pergunta: É popular? Mas a consciência pergunta: É justo?

Ele também foi preso. O boicote durou mais de um ano e desencadeou uma maré irrefreável, de costa a costa contra a descriminação racial. Em 1968, na cidade sulina de Memphis, um tiro arrebentou o rosto do pastor King, quando ele estava denunciando que a máquina militar comia negros no Vietnã. De acordo com o FBI ele era um sujeito perigoso. Como Rosa. E como muitos outros pulmões do vento.” Do livro " Espelhos- uma história quase universal, Eduardo Galeano