sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um jogo, uma promessa


No que se refere à decisão da LNB de realizar a finalíssima do NBB em um jogo único, me parece que temos que esperar algumas temporadas para avaliar se foi uma decisão acertada. O principal motivo desta alteração na forma da disputa– que anteriormente se jogava em sistema de Play-off – dizem os “entendidos” é a visibilidade que a transmissão em Tv aberta poderia proporcionar aos patrocinadores e suas marcas. Em um pensamento linear seria assim; quanto mais televisão aberta e exposição da marca dos patrocinadores mais patrocínio para as equipes nacionais o que significa mais dinheiro sendo injetado no, antes agonizante, basquete brasileiro. Se realmente os investimentos viessem seria fundamental para a viabilidade de vários projetos esportivos, no entanto esta desejável injeção de capital não é garantida; a ideia que uma transmissão em Tv aberta garante futuros incentivos é subjetiva e questionável, além do mais qualquer profissional de Marketing está ciente que o apoio financeiro a uma equipe de basquete tem prazo de validade e nem é preciso citar exemplos, pois todos sabem da natureza efêmera dos patrocínios esportivos. Quando a liga nacional de basquete se propõe a alterar a sua forma de disputa para atender uma possível visibilidade de marcas está abrindo um precedente perigoso porque se coloca na posição mais frágil de uma transação comercial, evidenciando que seu produto – no caso a modalidade basquete e a liga propriamente dita- ainda não estão bem acabados, ou não são fortes o suficiente para estar em condições de igualdade na busca da negociação que atenda igualmente os interesses das partes envolvidas. Mexer na essência da disputa, que é o equilíbrio e a certeza de que a melhor equipe será campeã, é, na minha visão, vender a alma ao diabo sem nenhuma garantia que ele vai cumprir a sua parte no acordo.  Quando David Stern conseguiu recuperar a NBA – Isto mesmo, a Liga americana já foi mal organizada e deficitária!- tratou de privilegiar o jogo equilibrado dando apoio às franquias para que seu produto fosse sólido e atrativo com a finalidade de captar parcerias de peso em pé de igualdade. A comparação talvez não seja valida porque envolve muitos fatores- econômicos, culturais, etc. – mas serve de exemplo para que possamos refletir um pouco... Vender um produto atendendo todas as exigências do comprador – alterando as próprias características essenciais do mesmo – é descaracterizar e desvalorizar tal mercadoria. Os jogadores e treinadores ,ao que parece, foram convencidos de que este prejuízo técnico representa retorno econômico garantido e divulgação da modalidade. Entendo que os jogadores e treinadores deveriam estar conscientes que são os principais atores neste espetáculo e suas opiniões não devem ser sacrificadas por promessas que podem não ser cumpridas, pois estão colocando em risco a sua representatividade. Veremos se este jogo único irá trazer o retorno esperado ou se os clubes continuarão andando em círculos e cantando aquela marchinha “Ei você ai, me dá um dinheiro ai, me dá um dinheiro ai...”.

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