No
que se refere à decisão da LNB de realizar a finalíssima do NBB em um jogo
único, me parece que temos que esperar algumas temporadas para avaliar se foi uma
decisão acertada. O principal motivo desta alteração na forma da disputa– que
anteriormente se jogava em sistema de Play-off – dizem os “entendidos” é a visibilidade
que a transmissão em Tv aberta poderia proporcionar aos patrocinadores e suas
marcas. Em um pensamento linear seria assim; quanto mais televisão aberta e
exposição da marca dos patrocinadores mais patrocínio para as equipes nacionais
o que significa mais dinheiro sendo injetado no, antes agonizante, basquete
brasileiro. Se realmente os investimentos viessem seria fundamental para a
viabilidade de vários projetos esportivos, no entanto esta desejável injeção de
capital não é garantida; a ideia que uma transmissão em Tv aberta garante
futuros incentivos é subjetiva e questionável, além do mais qualquer
profissional de Marketing está ciente que o apoio financeiro a uma equipe de basquete
tem prazo de validade e nem é preciso citar exemplos, pois todos sabem da
natureza efêmera dos patrocínios esportivos. Quando a liga nacional de basquete
se propõe a alterar a sua forma de disputa para atender uma possível
visibilidade de marcas está abrindo um precedente perigoso porque se coloca na
posição mais frágil de uma transação comercial, evidenciando que seu produto –
no caso a modalidade basquete e a liga propriamente dita- ainda não estão bem
acabados, ou não são fortes o suficiente para estar em condições de igualdade
na busca da negociação que atenda igualmente os interesses das partes
envolvidas. Mexer na essência da disputa, que é o equilíbrio e a certeza de que
a melhor equipe será campeã, é, na minha visão, vender a alma ao diabo sem
nenhuma garantia que ele vai cumprir a sua parte no acordo. Quando David Stern conseguiu recuperar a NBA
– Isto mesmo, a Liga americana já foi mal organizada e deficitária!- tratou de
privilegiar o jogo equilibrado dando apoio às franquias para que seu produto
fosse sólido e atrativo com a finalidade de captar parcerias de peso em pé de
igualdade. A comparação talvez não seja valida porque envolve muitos fatores-
econômicos, culturais, etc. – mas serve de exemplo para que possamos refletir
um pouco... Vender um produto atendendo todas as exigências do comprador –
alterando as próprias características essenciais do mesmo – é descaracterizar e
desvalorizar tal mercadoria. Os jogadores e treinadores ,ao que parece, foram
convencidos de que este prejuízo técnico representa retorno econômico garantido
e divulgação da modalidade. Entendo que os jogadores e treinadores deveriam
estar conscientes que são os principais atores neste espetáculo e suas opiniões
não devem ser sacrificadas por promessas que podem não ser cumpridas, pois
estão colocando em risco a sua representatividade. Veremos se este jogo único
irá trazer o retorno esperado ou se os clubes continuarão andando em círculos e
cantando aquela marchinha “Ei você ai, me dá um dinheiro ai, me dá um dinheiro
ai...”.
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