sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entre dos Aguas


Paco de Lucia, Montreaux 1978

Desde sua afinação em sopros de vida a sequencia nos oferece suspiros de dor espalhando respingos d água que se repetem na promessa de um leito caudaloso e imprevisível, o rio segue seu curso encontrando acordes nervosos como rochas que se interpõem para enfatizar sua  fluidez e leveza. A natureza fluida choca-se com outro volume de água e esta em sua superfície nos parece distinta, no entanto, vem ao nosso encontro como complemento de transparência e beleza.  Enfim diluída em seu elemento a melodia não se aprisiona, segue caótica, ondulando entre remansos e desníveis; então repentinamente se detém para escutar seu próprio ruído... Evoca a natureza sensível dos que acompanham suas imprevisíveis curvas de tristeza e alegria compartilhando transcendência e finalmente despencando  numa brutal cascata de regozijo estético.  

2 comentários:

Atena disse...

Vim dar uma espiada sobre o que havia de novo e deparo-me com esta beleza.
Ainda lembro da primeira vez em que ouvi Entre dos Aguas. Ouvi na casa de uma amiga, com excelente aparelho de som. Bom, não dá para usar outra palavra: enlouqueci. rsrs Eu sinto demais o que me encanta, seja uma obra de arte ou uma música e esta música me dominou, bateu fundo mesmo.
Seu texto sobre a mesma está magistral. Parabéns.
abraços

Lutero disse...

Gracias Atena! rsrsrsr