Em teoria estaríamos preparados para
exercer nossa profissão após anos de estudos que privilegiaram a memória e
desprezaram o entendimento, pois na
prática a informação transmitida não é conhecimento efetivo, no entanto nosso
sistema educacional perpetua um único método de ensino, ou seja, a memorização
de conteúdos compartimentados, estanques, isolados, que parecem existir em um
universo abstrato e distante anos luz daquilo que nos cerca e experimentamos
como realidade. Pautar o caminho do conhecimento desde o primário até a
universidade na informação memorizada e descontextualizada é como subirmos uma
escada aonde os degraus transpostos vão desaparecendo à medida que colocamos os
pés no próximo. Quando chegamos ao topo da escada percebemos o abismo de esquecimento
e desconhecimento, mas, intimamente envergonhados, silenciamos como se os
degraus desaparecidos ainda estivessem lá. Em teoria sabemos muito, na prática
esquecemos tudo! A memória acumulada das frias informações que nos são impostas
consequentemente nos tornam medrosos- tímidos e apologéticos, diria Emerson -,
papagaios que repetem o som emitido por uma autoridade, sem nenhuma capacidade
para desenvolver a inteligência intuitiva da experiência direta. Aquele que tem
a sensibilidade de enxergar os conceitos como mera confirmação do que foi
vivido pelo observador detém o gênio, enquanto o que busca ajustar a vida aos
conceitos adquiridos é um impostor inconsciente - Schopenhauer firmou abaixo desta
minha impressão sobre “o que é” e dele obtive o reforço do que observei
anteriormente. Pois me parece fundamental que possamos “perceber” o
conhecimento e por fim praticar o conhecimento com a riqueza de suas conexões.
São as conexões dos diversos campos de conhecimento que enriquecem e dão
sentido ao intelecto. Tornando ágil a percepção da correlação entre saberes aparentemente
distintos crescemos como pensadores e, por fim, podemos propor o inédito e o
criativo. Nosso sistema educacional se
sustenta na excessiva teorização, no isolamento estéril dos saberes, na memorização
fria da informação (Informação não é conhecimento!), na superestimada
autoridade científica e a consequente desautorização da percepção individual transformada em
conhecimento... Como se tal experiência do indivíduo não fosse excelente ponto de partida para a
aquisição do conhecimento efetivo. Sendo assim, nesta estrutura educativa
atual, somos forçados a acumular informação descontextualizada e impedidos de
construir conexões; somos tolhidos em nossa liberdade intelectual e desencorajados
em nossa curiosidade o que torna a aprendizagem uma experiência traumática e
desinteressante.